Cinema e Série

Filme retrata história da única sobrevivente de acidente aéreo na Rússia nos anos 80

Em 1981, uma passageira sobreviveu a uma colisão entre um avião comercial e um bombardeiro soviético

A recente queda do avião da Air Índia, com 1 passageiro sobrevivente, pode soar um milagre único. Contudo, essa situação já aconteceu outras vezes. O filme “A Única Sobrevivente”, dirigido pelo russo Dmitriy Suvorov, traz uma dessas histórias impressionantes.

O longa conta a história real de Larisa Savitskaya, que voltava de lua de mel com o marido. Seu avião colidiu no céu com um bombardeiro Tupolev 16K. A moça de 20 anos na época, sobreviveu a uma queda de 5.220 metros, oito minutos de descida e choques da fuselagem em uma floresta, sobrevivendo por 3 dias, até ser resgatada. Ela foi a única sobrevivente do acidente.

O que ela viria a descobrir anos depois, na queda da União Soviética, é que o governo escondeu a história, tornando o caso sigiloso. Por isso, esse acidente é pouco conhecido na história mundial. Houve um duplo erro: os pilotos não foram avisados da rota dos bombardeiros e o controlador da base militar negligenciou aeronaves pelo radar. A sobrevivente disse que vários acidentes como este aconteceram pelo país, sendo as famílias silenciadas pelo governo.

Crédito: Still do filme / Divulgação

Como o filme “A Única Sobrevivente” retrata a história de Larisa Savitskaya?

A história começa mostrando o relacionamento inicial da jovem Larisa com o seu namorado, trazendo um pouco da história do casal. É uma forma de rapidamente nos teletransportar para o íntimo de um par que teve seus sonhos destruídos pelo acidente. A paixão inicial, uma vida em conjunto que estava apenas começando, o que gera ainda mais comoção em relação à situação. Isso porque, pelo título e o cartaz do filme, já sabemos o que vai ocorrer.

Depois, o embarque é realizado, também mostrando a história de um outro passageiro…um pai que iria rever a família depois de um mês distante, tudo isso para ajudar a reforçar a tragédia em si. A cena do acidente em si gera angústia, achei bem realizada visualmente, apesar de não sabermos ao certo como a ação se desenvolveu na vida real.

Única Sobrevivente - Filme Russo
Crédito: Still do filme / Divulgação
Única Sobrevivente - Filme Russo
Crédito: Still do filme / Divulgação
Após a queda, vemos a aflição dos parentes, o governo tentando ao máximo encontrar um bode expiatório para ocultar a verdadeira situação e também a busca pelos destroços e vítimas. O filme cinematograficamente não tem nada de novo, apenas é interessante como registro e reparação histórica de um acidente que foi apagado do mapa por um governo negligente.

A narrativa se desenvolve de forma a prender o espectador, mostrando principalmente a resiliência de Larisa ao aguentar dias de sobrevivência na taiga russa ao meio de flashbacks de sua vida com seu marido, que a ajuda a sobreviver, já que a ensinou alguns truques de sobrevivência.

Além da sobrevivência impressionante da jovem Larisa, o filme também lança luz sobre um capítulo sombrio da aviação soviética: o silêncio e a negligência do governo diante da tragédia. O acidente foi rapidamente abafado pelas autoridades, que preferiram manter a narrativa do regime intacta a oferecer respostas às famílias das vítimas e à população.

Investigações foram conduzidas com pouca transparência, e a sobrevivente, em vez de ser acolhida, enfrentou o peso do trauma praticamente sozinha, sem apoio psicológico, reparações públicas ou reconhecimento oficial. O filme escancara essa ausência do Estado, transformando uma história de resistência pessoal em denúncia histórica.

Apesar de algumas cenas de ação, o filme possui mais o tom melodramático para conduzir a narrativa. As imagens do casal junto com a trilha sonora, principalmente nas cenas finais, causa uma certa comoção, trazendo a noção real de como é doloroso perder alguém amado e ainda de forma tão trágica. No fim do filme, a personagem real fala um pouco sobre os acontecimentos – quando ela disse ao marido para comprar a passagem no dia 25 de agosto mas ele comprou no dia 24, porque não tinha passagem (ironia do destino) e de seus planos incompletos com o marido, trazendo mais emoção à tona.

Trailer do filme “A Única Sobrevivente”