Gentileza que gera gentileza...lá fora

A frase do poeta Gentileza “Gentileza gera gentileza” é quase um patrimônio cultural do Rio de Janeiro. Quando a gente viaja para fora, o que mais escutamos é que o brasileiro é caloroso e bem humorado. Pelo menos no Rio, nem sempre é assim.

Pensamos, tudo bem, nada é perfeito. Mas eu fico indignada quando eu dou bom dia e ninguém me responde, alguém sai atropelando na calçada sem pedir licença ou alguém que te olha de cima abaixo com um olhar superior. Uma amiga um dia me disse que nem o poeta Gentileza era tão gentil assim, que é tudo lenda urbana.

Quando você viaja para fora, você sempre fica com o olhar mais apurado em relação a atos cotidianos que não acontecem com você no seu país. E isso não é um manifesto daqueles: “Lá fora é melhor que aqui” ou algo do tipo, até porque eu adoro esse clima tropical brasileiro, mais do que um clima de frio e céu nublado. As comidas e frutas então, daqui não tem melhor. E as paisagens naturais que estão pertinho de nós, cariocas, nem se fala.

Mas viajar é isso, pesquisar costumes e se surpreender com situações boas e ruins. Além disso, você passa até mesmo a rever os seus próprios atos diários. Afinal, ninguém é santo, ninguém está todo dia de bom humor e a gente pode até cometer alguns deslizes sem ao menos perceber.

Nenhum ato de gentileza, mesmo pequena que seja, nunca deve ser desperdiçado.

Nenhum ato de gentileza, mesmo pequeno que seja, nunca deve ser desperdiçado.

Por exemplo, as pessoas em Nova York, quando gostam de alguma coisa, te elogiam mesmo. Na rua, sem ao menos te conhecer. “Nice t-shirt”, “Like your t-shirt”, “Love your blouse”. É um elogio atrás do outro, você até fica sem graça. Já no Brasil, mesmo que eu queira elogiar, eu fico com vergonha. Elogiar amigos e amigas é fácil, mas desconhecidos? Fico com vergonha da pessoa se esconder de mim pensando que sou maluca, achar que eu estou cobiçando o seu look “exclusivo” ou ainda que é uma cantada. Não, é só um elogio e ponto.

Um dia desses eu estava vendo o vídeo do Fábio Porchat e ele disse que no Japão, com o sinal aberto e mesmo sem nenhum carro, os pedestres ficam parados esperando o sinal fechar. Será mesmo? Até tentei pesquisar mas não achei nada falando sobre isso. Uma amiga virtual do Sul, que veio morar no Rio, disse que no Sul os motoristas param para a pessoa atravessar a rua. Oi? Imagina aqui? Mesmo com o sinal fechado, você tem que ficar de olhos abertos, para ver se nenhum motorista vai furar o sinal ou uma bicicleta ou moto vai te atropelar. E olha que eu sou ciclista hein, mas quase fui atropelada uma vez à pé quando estava atravessando a faixa de pedestres.

Outro exemplo. Lá fora você escuta, e muito, “Excuse me” para lá, “Excuse me” para cá…Ninguém sai te atropelando. Ninguém passa na sua frente antes de um “dá licença”. Educação básica, primordial. Ver o chão, de alguns lugares, limpíssimos – e não precisa ir muito longe, pode visitar a Argentina ou Chile. Ver o cuidado que eles tem com a arquitetura do lugar, com a história. O respeito.

“My Religion is very simple. My religion is kindness.” Dalai Lama

Quero mais é que todo mundo vá viajar e tenha essa percepção. É bom viajar e fazer compras, visitar a Forever 21 e a Victoria Secrets? É bom, mas sente um pouco em um café de rua ou no banco de uma praça…veja a vida passar, fique de olho nesses pequenos gestos…importe esses pequenos gestos, além de maquiagens e roupas.

*Ah, a gentileza ainda gera amizades. Como a da Bibi, em Nova York (foto em destaque).

ESSE VÍDEO MOSTRA MUITO BEM O QUE VOCÊ GANHA COM GENTILEZAS

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